Loucura
Em 17 de Maio Soares afirmou na SIC que seria uma loucura entrar na corrida a Belém. Hoje, 31 de Agosto, está consumada a loucura. E aí vai outro slogan da campanha: Soares é louco.
Cutty Sark
Rua do Século, 178. (Ao Príncipe Real, em Lisboa.)
Em 17 de Maio Soares afirmou na SIC que seria uma loucura entrar na corrida a Belém. Hoje, 31 de Agosto, está consumada a loucura. E aí vai outro slogan da campanha: Soares é louco.
Soares candidata-se para combater o estado de espírito depressivo do sítio. Pronto. O slogan já está feito: Prozac é fixe. E já tem patrocínio, claro está.
O FMI diz que Portugal podia estar como a Finlândia se combatesse a sério a corrupção. São uns líricos. E os partidos, como é que viviam? E os autarcas? E os ministros? E os supostos empresários? E a democracia, como é que era? E os serventuários, jornalistas e quejandos? Como é que viviam? Sinceramente. Era só o que faltava. Ah, e o Soares? E a sua corte? Sinceramente. E o Cavaco? Como é que os cavaquistas existiam? Sinceramente. Isto não se faz à Pátria.
Está quase. Quase mesmo. É mesmo uma emoção. O pai da democracia, da república, da Isabel e do João está quase a lançar-se. Podia ir cair bem longe, longe mesmo. Mas não. Vai aterrar aqui, no sítio. Perca ou ganhe. Já enjoa. E depois vem o outro. Que fazer? Sim que fazer?
A Pica vai-se embora da Lusomundo. Volta para os braços do barão. Que pena. Que tristeza. Com a falta da Pica o que irá ser do marketing do DN? Uma desgraça. Que pica de vida!
Quando Alegre acabou de falar, apareceu na RTP 1 o incomparável Carlos Mgno. E que disse o bruxo? Que Alegre vai ser candidato. Grande Morais Sarmento que tão brilhante comentador doou à RTP.
Pois é. O Snob é o local preferido para a Santa Casa da Misericórdia tratar dos seus assuntos. Ontem lá estava uma importante delegação, com elementos de vários departamentos. Só falta mesmo ganharmos o pilim do Euromilhões.
Pois é. Isto está um desatino. Como há muita gente no Altis e arredores, a polícia fechou a Avenida para o candidato laico, republicano, socialista, pacifista, anti-semita, europeísta, nacionalista, anti-americano, esquerdalho juntar os seus acólitos e fazer o seu primeiro passeio triunfal. Como é óbvio, há bichas por todo o lado.
O Alegre é mesmo assim. Fala grosso, estica o pescoço, mas é sempre pólvora seca. E sempre que entra Soares no filme, o poeta mete a viola no saco. Que tristeza. Lembrei-me de um episódio engraçado, ia o Bloco Central a meio. Um dia qualquer, por qualquer razão, Alegre ameaçou ir ao Parlamento desancar no Soares, no Mota Pinto e deixar de ser deputado. A excitação era enorme. Microfones, jornalistas, um corropio. A sessão estava marcada para três. Minutos antes, Soares pediu a um assessor para telefonar ao Alegre para ele ir a São Bento. Quando aterrou no Parlamento, o poeta, comovido, desistiu da ameaça. Patetices.
O Rui Costa Pinto diz que Manuel Alegre pertence ao PS velho. Oh Rui, uma noite destas tens de me dizer onde é que anda o novo, ok?
É hoje. Dia de bochechas e dia de Alegre. Vamos ver se o poeta não põe o bochechas a arder e lança a confusão na família socialista. Por causa das coisas, o melhor seria parar este prato delicioso durante a campanha presidencial. Por várias razões, todas elas democráticas. Imaginemos um cavaquista a jantar no Snob à terça-feira. Atacaria por certo as bochechas de forma alarve, como se estivesse a trincar o verdadeiro bochechas. É verdade que as bochechas já não são o que eram, enfim, já lá cantam 80 anos, mas sempre são bochechas. Por outro lado, um soarista convicto iria babar-se à frente das bochechas. Convenhamos que seria lamentável. Em ambos os casos. E poderia, quem sabe, dar origem a conflitos desnecessários. E o bochechas não merece uma briga no Snob. Muito menos o Cavaco. Livra. Isto anda mesmo mau. Já agora: não há por aí ninguém que se queira candidatar? Louçã ou Fazenda, Jerónimo, Soares e Cavaco é um autêntico pesadelo. Só os copos nos ajudarão a ultrapassar a campanha.
Pois é. Ouvem-se suspiros na Avenida e na redacção do DN. A Ana Sousa Dias do Marocas continua a banhos. Mas consta por aí que amanhã estará, comovido, no Altis, quando o seu chefe anunciar a candidatura a Belém. O homem não vai perder esse momento por nada. Sempre cuidou muito bem da vidinha. Desde os portos do Marques Mendes.
Ainda bem que o Pedro Mexia e o Pedro Lomba apareceram no Snob. Não fazia ideia que o Cavaco tinha tantos adeptos naquela sala. É um sinal dos tempos e um aviso do que poderá acontecer ao Soares. Mas eu, como se sabe, nem com os copos todos do mundo votaria no Cavaco e na Maria. Só de falar nisso já me está a doer o estômago. Começo a lembrar-me do Macário, do Silva Peneda, do Mira, do Couto dos Santos, do Seabra, do Catroga, do Loureiro, do Cadilhe. O melhor é ficar por aqui. Lá mais para diante prometo fazer uma lista completa. Para memória futura.
Meu caro Cutty Sark: tal como tu, eu acho ridícula essa mostrenguice do medo de «um grupo editorial estrangeiro» a entrar na TVI, e tanto me faz que seja espanhol como do Psoe, como italiano ou alemão. Estamos a precisar disso, para ver se comparamos a gestão provinciana e merceeira da nossa imprensa com outros padrões. E para ver se algum valor acrescentado. A experiência já teve bons momentos e maus momentos (a Prensa Iberica, por exemplo, que nunca se percebeu o que queria).
O mote para o que se passa no Brasil, onde a quadrilha governamental esta a ser arrasada e o PT varado a golpes severos, é «eles sabiam». Depois das denúncias de Paulo Morais, se ninguém investigar, o mote para falar do centrão é esse mesmo: «Eles sabiam».
Quem será o animador cultural das sessões do Dr. Soares? Quem será o animador cultural das sessões do Prof. Cavaco?
Eu discordo do Cutty Sark. Sexta-feira foi interessante; sábado foi razoável; domingo foi muito bom. Refiro-me aos resultados da bola.
Vale a pena acompanhar bem o negócio da Media Capital. E dizer desde já que não faz sentido nenhum discutir o assunto pelo facto de um dos grupos interessados ser espanhol. Essa conversa da nacionalidade do capital é obra de patrioteiros que adoram viver neste pantanal de compadrios, corrupção e má qualidade de vida. E têm medo da concorrência, da verdadeira, não da ficção nacional.
Amanhã à noite o poeta Alegre abre o livro. Quarta entra em cena Soares. Chama-se a isto fraternidade, ética republicana e apetência louca pelo poder. Interesse público, país moderno, desenvolvido, etc, são tangas para enganar papalvos. Estes republicanos são, de facto, os dignos sucessores dos pais da I República.
As presidenciais estão a mostrar aos mais ingénuos a natureza da esquerda, de uma certa esquerda, que se acha dona de Portugal, da democracia, da ética, da república, de tudo. Com os resultados miseráveis que estão à vista de todos. O que impressiona é a falta de vergonha, o terceiro-mundismo primário, a estupidez de gente que atira a interessante corrida a Belém aos olhos dos papalvos para ninguém discutir a falência do sítio. Mas, com a juda de chineses, indianos e do mercado, esta canalha tem os dias contados. Mais depressa do que esperam.
A Ana Sousa Dias do Marocas continua de férias. A Avenida suspira de saudades
Tenho cá um dedinho a dizer-me que o Euromilhões ainda acaba por sair no Snob. Pelo menos homens bem colocados na Misericórdia não faltam. Só falta é mesmo o pilim.
Amanhã, chova ou faça frio, é preciso estar atento às palavras de Alegre em Viseu. A TV deve estar bem aberto, a não ser que o canal do Marocas decida boicotar o poeta. Neste sítio tudo é possível, até a censura. Da mais descarada e indigente. Pobres coronéis, se voltassem estavam não só perdoados como seriam condecorados por um Sampaio que se arrasta penosamente em Belém. Caramba, o homem merece acabar o mandato com alguma dignidade. Ele e o Rita.
O fim-de-semana foi mau a valer. Segundo fontes bem informadas, o verdadeiro núcleo duro do Snob, depois de uma sexta-feira brilhante, com o FC Porto a ganhar e tudo, o sábado foi um horror e o domingo um velório. Assim não pode ser.
Hoje é dia de Naval-FC Porto. Se as coisas correrem mal para o Dragão nada de andarem sempre a pedir toques ao Albino. E tenham muita atenção aos comentários da Luísa. Só o água das pedras sem vodka pode debitar sobre a matéria.
A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito às declarações de Paulo Morais sobre a corrupção no regime. Já se sabe qual será o seu destino. O armário dos esqueletos. O regime reage sempre da mesma maneira logo que alguém mexe no pantanal. O mensalão luso está para lavar e durar. Toca a todos. É o 70-30 do costume, com uns restinhos para os parceiros que, as vezes, entram no Centrão lusitano.
É evidente que a senhora se chama Sousa e não Soua e que é o Cutty Sark que pergunta, a quem de direito, por onde anda tal personagem.
Alguém sabe onde pára o alegado futuro director do DN, certamente a Ana Sousa Dias do Marocas?
Por falar nisso. Quem é a jornalista que, muito diligentemente, está a preparar uma grande reportagem sobre os desafectos de Soares?
O que destoa por aqui, no ambiente castanho/verde de 40 anos, são os fios eléctricos em branco sujo. Destoa, mas tem vantagens. Pode saber-se pelo caminho deles onde fica uma das saídas de emergência da casa. Ou pode negociar-se com o Albino.
Há algumas semelhanças entre o mensalão brasileiro e as denúncias de Paulo Morais na Visão. Os acusados pedem provas. «Digam onde estão as provas, onde estão os documentos que ligam o lixo aos autarcas.» Acontece que alguns dos que podem fazer acusações nem prova de identidade podem fazer. Há muitos Toninhos da Barcelona escondidos.
Desde que A Capital fechou, foi o Correio da Manhã que ganhou, por aqui, o estatuto de jornal de referência. É por isso que as suas manchetes fazem o início das conversas da noite para muitos jornalistas frequentadores da casa. Mas nem todas. Por exemplo, a de ontem, "Polícia procura pais de bebé", foi devastadora. Nem um/uma jornalista por cá apareceu.
Pedras Levíssima
Altas horas, discutia-se numa mesa qual era o equilíbrio actual na imprensa. A cavaquista e a soarista. Cavaco perdia em títulos, largamente; mas Soares também não soçobraria em audiência. As espingardas contam-se à mesa. Havia uma garrafa de J & B.
Trata-se de uma grande entrada, a de Cutty Sark. O mais irrequieto e atento olhar da Rua do Século.
Às 16 e 30, hora do sítio, a Lusomundo mudou (?) de mãos. A excitação é grande na Avenida. Mudaram os donos, o mar continua cada vez mais salgado e as vetustas árvores da Liberdade vão ser substituídas por sobreiros. A propósito: alguém se lembra dos sobreiros de Benavente? Ou seriam de Alcochete? Bom tema para as noites condicionadas do Século.
Vale a pena ler a entrevista de Paulo Morais, vereador da Câmara do Porto, à Visão. No fundo, repete o que toda a gente sabe. Os partidos são corruptos, o tão elogiado poder local é o responsável pelo desgraçado sítio em que vivemos. Faz rir é o desafio de Ruas, o autarca das rotundas de Viseu, para Paulo Morais denunciar tudo ao Ministério Público, à Judiciária e por aí adiante. É mesmo tentar atirar poeira para os olhos. O regime luso baseia-se nisso mesmo, na corrupção entre políticos e grupos de interesses, e o MP e a PJ fazem parte dele. Assim como os senhores e senhoras que andam por aí a defender os centros de decisão em mãos nacionais. Neste caso, na maior parte dos casos, em péssimas mãos, como se sabe. Um bom tema para discutir no Snob com os estatistas nacionalistas do costume
Pois é. Janta-se bem no japonês da frente. Boa comida, excelente bebida e só se fuma se a maioria concordar. E o ar condicionado não está condicionado a gente friorenta. Já corre por aí uma colecta de fundos para o Albino comprar uns cobertores de papa. E, já agora, ningúem mandou comprar cigarros ao Snob. São bocas do Ambiente
O senhor doutor foi jantar ao Kinjolas mas pediu para virem comprar cigarros aqui. Gente fina.
São 19h58. Acabou de telefonar um senhor das telenovelas. Marcou mesa para 2. Pediu para ficar na sala de dentro. Mesmo que sejam 2 senhores devem ser gente conhecida que chama outros. Por um lado é bom para a casa, por outro pode lixar-me a hora de saída. Às vezes, é este stress o que me cansa mais.Madureira
Todas as semanas estou de folga. Esta, foi ontem e anteontem. Já tive que vir trabalhar. Não sei nada do que se passou entretanto. Não é que na sala de dentro se saiba grande coisa. É mais bifes. O resto “é a vidinha!”, como dizia um senhor que vinha cá dantes mas que o patrão não autoriza se diga o nome. Aqui, cliente é sagrado. Seja de onde for. O que me chateia é saírem tarde. Depois das quatro. Quando é assim sei logo de onde é que são… penso com os botões em sítios de onde podem ser. Já cheira ao guisado. Há-de ficar a moer num dos dois bicos até que apure. Antes isto, que é cheiro acebolado, que o de algumas colónias andantes que só aparecem prós copos e estragam o sabor dos pastéis de bacalhau ao sr. doutor. Hoje, a ver vamos.
O Dr. Pacheco Pereira veio ao Snob. Há três anos. O Dr. Prado Coelho veio ao Snob. Há vinte anos, na altura do Frágil. Nunca se encontraram. Já o Dr. Pulido Valente veio entretanto.