SNOBISMOS - Snob ao contrário lê-se "bons"
Acho que comecei a ir ao Snob para me sentir um. Sim, confirmei‑o logo na primeira vez: as mesas a fazer lembrar salas de jogo ilegais, os candeeiros antigos, o ambiente conspirativo, os homens mais velhos de fato e gravata. Estava lá tudo o que eu não encontrava nos restaurantes/bares/poisos nocturnos mais apropriados à malta da minha idade.
Além disso havia o bifinho e o melhor bolo de bolacha de Lisboa e arredores. Quando comecei a frequentar o Snob, confesso, tinha que fazer uma certa ginástica para pagar a conta mas cedo descobri uns “aperitivos” grátis – explico: ir ao Snob poupava—me o dinheiro que gastaria em jornais na manhã seguinte. Ah, pois é! Gosto do Snob por uma série de razões, as apontadas e outras ainda, mas o motivo principal é esse. O cochicho, a boataria, a pequena intriga entre jornalistas, políticos, actores. Não vejam nisto nada de depreciativo. Ser cusco é algo intrínseco ao género humano. E, numa colmeia de cuscos, não há nada melhor do que ser apicultor. Estar de fora, como outsider, a escutar… E depois, claro, também é o único sítio (graças à felicidade do Sr. Albino nas noites de glória do FCP) onde me apetece ser portista. Mas, como ainda não percebi se este sentimento é bom ou mau, fico‑me por aqui.
Luís Filipe Borges, associado das Produções Fictícias
(Texto escrito para a comemoração dos 40 anos do Snob/2004)
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