sexta-feira, junho 23, 2006

SNOBISMOS - O Divã


Quando olhei para a ementa que o Sr. Albino pendurava na coluna, logo à entrada, ainda não sabia como eram os bifes da D. Maria, não conhecia os clientes do Snob e ignorava a importância de preservar a sua primeira regra: não se escreve o que se ouve no Snob. Com os anos, os copos e os bifes, vi trocarem-se ali histórias nunca publicadas. Umas eram pequenas ou médias intrigas, algumas ajudavam a perceber as notícias, outras podiam ter sido grandes “cachas”. Para o jornalismo português, o Snob funciona um pouco como o Speakers Corner. Tudo se pode dizer. Tudo se pode discutir. Mesmo que seja verdade. Há por lá loucos, intriguistas profissionais e histórias tolas? Centenas, sim. O Snob é uma espécie de divã colectivo do jornalismo português. 15 anos de jornalismo, e de Snob, ensinaram-me a respeitar a regra de que o Raúl me falou há tanto tempo: “não se escreve o que se ouve no Snob”. É a única maneira de o mantermos vivo.

Inês Serra Lopes, jornalista
(Texto escrito para a comemoração dos 40 anos do Snob/2004)